sábado, 2 de junho de 2012

Especial Consórcio - O jeito brasileiro de comprar


Especial Consórcio - O jeito brasileiro de comprar


Fonte: Diário do Comércio
Seção: Especial
Data: 06/04/2005
Site: www.dcomercio.com.br/especiais/consorcio/
Especial Consórcio - O jeito brasileiro de comprar

Consórcio ganha força entre consumidores


Uma invenção brasileira da década de 60, o consórcio cresce como opção de compra. Em 2004, bateu recorde em número de participantes: 3,4 milhões.Também foi o melhor ano na venda de novas cotas, 1,7 milhão.


Por Roseli Lopes


No último mês de dezembro, 3,4 milhões de brasileiros participavam de um grupo de consórcio com o objetivo de comprar um bem móvel ou imóvel. Ao longo de todo o ano passado, 1,72 milhão de novas cotas foram vendidas. Um recorde para os consórcios, uma invenção bem brasileira que surgiu na década de 60. Mais: a entrega de cartas de crédito, em 2004, aos consorciados contemplados, fez o mercado de consórcios movimentar R$ 16 bilhões no ano passado. Quase 1% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, de R$ 1,7 trilhão.

Os números, bastante positivos, vêm do Banco Central, órgão normatizador e fiscalizador do mercado, e são importantes porque mostram que muitos consumidores elegeram o consórcio como alternativa para a compra de bens. Especialmente daqueles de maior valor, como imóveis, onde o número de participantes cresceu quase 200% nos últimos cinco anos.

O fato de mais pessoas estarem adquirindo cotas de consórcios pode ser explicado, em parte, por um estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), divulgado em novembro de 2004. Segundo o estudo, elaborado com base em números do Banco Central do Brasil e do Banco Mundial, os brasileiros gastam em média R$ 71 bilhões por ano com o pagamento de juros. À época, o País ficou em segundo lugar, em uma lista de 43 nações analisadas, no ranking dos maiores juros de curto prazo do mundo.

No bolso - Não é de hoje que o consumidor brasileiro sabe que o País tem um dos maiores juros. O que esse mesmo consumidor descobriu, nos últimos tempos, é que o gasto que ele tem na compra feita pelo consórcio é significativamente menor do que o de um financiamento. É simples: enquanto no financiamento o consumidor paga juros sobre o valor financiado, no sistema de consórcios eles não existem. O consórcio não é um financiamento. É uma forma de poupança feita pelo consumidor para a compra de um bem em um prazo predeterminado.

Ao comprar uma cota de consórcio, o participante arca com a mensalidade, que corresponde ao valor do bem escolhido dividido pelo número de meses estipulado para o grupo, acrescido da taxa de administração, paga para que a empresa cuide dos recursos e do grupo em andamento.

Hoje, as taxas de administração estão, em média, em 18% para todo o período de duração do grupo. O que dá uma taxa média mensal de 0,23% sobre o valor do bem. Bem inferior, portanto, ao juro dos financiamentos.

Diversidade
 - Mas o custo menor é apenas um dos fatores que fez os brasileiros se voltarem para os consórcios. As mudanças ocorridas no mercado, com a entrada do Banco Central na fiscalização do mercado, tiveram um impacto forte no setor. "Hoje, o setor está mais sólido, mais transparente, com crescimento em todos os segmentos", diz Consuelo Amorim, diretora-presidente do Consórcio Panamericano e ex-presidente da Associação Nacional das Administradoras de Consórcios (Abac).
Segundo Consuelo o mercado também está mais diversificado. É verdade. Hoje, o consumidor pode comprar cotas de um veículo, imóvel, eletroeletrônicos, material de construção até instrumentos musicais e pacotes turísticos. São mais de 30 produtos consorciáveis.

Outro ponto é que o consórcio ganhou novos e importantes parceiros, como o varejo, que vem aderindo ao sistema como forma de alavancar suas vendas.

Uma importante mudança veio com o Plano Real.

"Com a início da estabilidade econômica a partir de 1994, trazida pelo Plano Real, a inflação, que chegara a 82% ao mês em anos anteriores, como em 1990, caiu a uma média mensal de 0,8% com o Real. E o brasileiro voltou a poder planejar e a pensar em compra programada", diz Victor Hohl, ex-economista do Banco Central, professor de economia e mercado de capitais e conselheiro do Conselho Regional de Economia (Corecon) no Distrito Federal.

Com um cenário econômico melhor e o sistema de consórcios crescendo, não foram apenas os consumidores que se renderam ao produto. As instituições financeiras se sentiram à vontade para agregar o consórcio às suas carteiras de produtos. Bradesco, Itaú, Caixa Econômica Federal já participam do mercado. O HSBC acaba de entrar. E o Santander Banespa se prepara para engrossar a lista dos que querem disputar o mercado de consórcios, que vive seu melhor momento.
Sistema está sólido, diz BC
Responsável pela normatização e fiscalização do mercado de consórcios, o Banco Central reconhece o progresso e a solidez que o sistema ganhou nos últimos anos. Mas quer mais. Quer que as administradoras tenham autorização do Banco Central para funcionarem.

"Hoje, uma administradora não precisa de autorização do Banco Central para funcionar. Isso é uma coisa que nós queremos que exista iso na forma de lei", diz Sergio Darcy, diretor de Normas do Banco Central.

Segundo Darcy, ao ter claramente essa exigência de funcionamento definida em lei, o Banco Central tem condições de, além de fiscalizar, verificar quem são os controladores das administradoras. "é uma forma de evitar que qualquer um, sem experiência, abra uma administradora", afirma o diretor do Banco Central.

Segundo Ele, as mudanças promovidas no sistema após 1991, quando o Banco Central assumiu, no lugar da Receita Federal, o controle do sistema, foram determinantes para a saúde dos consórcios.

Entre elas, por exemplo, Darcy cita a desvinculação da compra a determinado fabricante, no caso dos veículos, ou a uma loja.

"Hoje, o consorciado compra a cota de um carro ou outro bem e ao ser contemplado pode escolher o produto onde quiser. Não existe mais aquela vinculação que emperrou o sistema", diz.

Sergio Darcy é um defensor da criação de uma lei própria para os consórcios, alegando que o sistema cresceu, amadureceu e que deve ter uma lei específica. "Primeiro, o governo priorizou sua agenda econômica. Acho que agora o projeto tem condições de andar.(RL)


Poupança no lugar de financiamento para imóveis


Segmento de imóveis é a atual vedete do mercado de consórcios. Entre 2000 e 2004 a participação no sistema financeiro da habitação saltou de 18,7% para 33%. No ano passado, venda de novas cotas cresceu 13%.

Por Adriana Braz


contrato, é o grande atrativo do consórcio de imóveis.
O consórcio de imóveis já é uma realidade na vida do brasileiro. Prova disso é sua participação no Sistema Financeiro da Habitação (SFH), que, em dezembro de 2004, chegou a 33%. Há cinco anos, os consórcios de imóveis detinham apenas 18,7% do sistema. Na outra ponta, os financiamentos tradicionais, feitos pelos bancos, que no ano de 2000 representavam 81,3% do SFH, fecharam o ano passado com uma fatia mais modesta, de 67%, segundo levantamento feito pela Associação Brasileira das Administradoras de Consórcio (Abac) com base em dados da Caixa Econômica Federal.

Durante 2004, as vendas de novas cotas cresceram 13% em relação a 2003. O número de participantes aumentou cerca de 30%. Em dezembro passado, 229,2 mil pessoas tinham uma cota de consórcio de imóvel. O que coloca o segmento no terceiro lugar no mercado de consórcios em número de participantes, atrás apenas de veículos automotores e motocicletas.

A entrada dos bancos no mercado, a partir de 2002, ajudou a acelerar as vendas de novas cotas e ampliou a disputa nesse segmento. Caixa, Bradesco e Itaú concorrem de perto com as administradoras independentes (não ligadas a instituições financeiras).

Atrativo - A simplicidade do produto, que não tem juros, não tem parcelas intermediárias nem saldo residual ao final do


"O consórcio tem características interessantes, que atraem o brasileiro. Ele gosta dessa opção, que o obriga a poupar para a compra de um bem que deseja", diz Celso Barbuto, diretor-presidente da Bradesco Consórcios, empresa que está no mercado desde 2003.


Para o Bradesco, alcançar a liderança é quase um compromisso. Temos orgulho em dizer que, em 2004, o maior crescimento dos consórcios de imóveis e de automóveis foi nosso
Celso Barbuto é diretor-presidente da Bradesco Consórcios
Outro estímulo que muitos desconhecem é a possibilidade de utilização do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) no lance ou na quitação do consórcio. O uso do Fundo foi autorizado em 2002 pelo Banco Central, órgão que fiscaliza o sistema.

A Caixa, que entrou no mercado de consórcios de imóveis em 2002 e hoje é a segunda no ranking em participantes, concorda: "Não podíamos deixar de ter o produto, uma maneira prática e mais barata de compra da casa própria", diz Ricardo Palamini, diretor da Caixa Consórcios.

O avanço dos bancos, no entanto, não assusta administradoras tradicionais, como a Rodobens, pioneira no segmento de imóveis, ex-líder do ranking e hoje a terceira em número de participantes. "Estamos em terceiro quanto ao número de participantes, mas ainda somos os primeiros em termos de valor médio da cota. Nossa cota média é de R$ 80 mil, enquanto a da concorrência é de R$ 40 mil", afirma Pedro Santos, diretor-presidente da Rodobens, que atua há 40 anos no mercado de consórcios. No ano passado, a empresa cresceu 6% em participantes. Para ampliar sua atuação, pretende aumentar seus pontos de venda neste ano, dos atuais 3,7 mil para 5,3 mil.

O consórcio de imóveis serve para a compra de casas e apartamentos (novos ou usados), de terrenos ou imóveis no litoral. Os prazos dos planos variam hoje de 60 meses (5 anos) a 120 meses (10 anos). A taxa média de administração cobrada, que é diluída pelo número de meses escolhido, varia de acordo com o prazo - a média é de 18%. Ao ser contemplado, o participante recebe carta de crédito no valor do bem, com a qual pode escolher o imóvel.


Bancos entram na disputa

Não faz muito tempo que as instituições financeiras despertaram para os consórcios, em especial para o segmento de imóveis. Mas os resultados em termos de adesão de participantes tem sido espetacular. A Bradesco Consórcios, que entrou no mercado em janeiro de 2003, já comemora a liderança nos segmentos de imóveis e de automóveis.

"Para o Bradesco, alcançar a liderança é quase um compromisso. Temos orgulho em dizer que, em 2004, o maior crescimento dos consórcios de imóveis e de automóveis foi do Bradesco, entre as principais administradoras do País", diz Celso Barbuto, diretor-presidente da Bradesco Consórcios.

Com 39.684 participantes ativos em dezembro de 2004, a empresa espera crescer ainda 40% nos três segmentos em que atua. O executivo admite que o saneamento do mercado despertou o interesse do banco em relação ao produto. "Já tínhamos o canal de distribuição e os clientes. O saneamento do mercado de consórcios e a estabilização da economia brasileira contribuíram para a decisão de oferecer mais um produto ao cliente", afirma Barbuto.

A Bradesco Consórcios, que também tem atuação nos segmentos de automóveis, de caminhões e de máquinas agrícolas, já contemplou 30 mil consorciados, entre sorteios e lances.

Caixa - Tradicional agente governamental para o financiamento da compra da casa própria, a Caixa Econômica Federal vende consórcios de imóveis desde 2002. "Não podíamos deixar de ter o consórcio no nosso portfólio, pois essa é uma maneira prática e mais barata para a aquisição da casa própria", afirma Ricardo Palamini, diretor da Caixa Consórcios.

A Caixa encerrou o ano de 2003 com quase 18 mil participantes ativos, número que subiu para 32 mil em 2004. A expectativa é terminar 2005 com 75 mil consorciados. De novembro de 2002 a março deste ano, a Caixa contemplou 6.606 pessoas. "Ter a marca Caixa, que oferece segurança de uma empresa secular, agregada ao produto é uma combinação maravilhosa. A credibilidade é o principal fator", avalia Palamini.

O Consórcio Itaú de imóveis, lançado em 2003, tem cerca de 3,6 mil participantes. "O banco vê no consórcio um mercado promissor, atendendo à parcela de clientes que preferem poupar em vez de financiar, realizando, dessa forma, uma compra programada", afirma Máximo Gonzalez, diretor de Produtos para Pessoa Física do Itaú.

O HSBC aproveitou sua experiência em consórcio de veículos para lançar, no início do mês, o de imóveis. "O brasileiro já incorporou a cultura de consórcio", diz Douglas Lopes, gerente de consórcios do banco. A meta para 2005 é de 3,6 mil cotas vendidas. O Santander Banespa é o próximo. Entra no mercado em maio, primeiro em automóveis e motos. Depois, em imóveis, segundo um executivo que não quis se identificar.


Parceria favorece ramo de material de construçãoBattistella criou um plano diferenciado para quem quer construir ou reformar. Trata-se de parcerias com lojas de material de construção, em que o cliente pode usar o consórcio para comprar o que necessita.

Por Roseli Lopes

Há 25 anos no mercado, o Consórcio Battistella, administradora independente e oitava maior do segmento de imóveis em número de participantes do mercado, segundo o Banco Central, trouxe para o mercado, em 2004, uma nova modalidade de consórcio: o de materiais de construção, mercado que movimenta R$ 33 bilhões, segundo a Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco).

O consórcio é voltado para o consumidor que planeja construir, reformar ou fazer pequenas obras no imóvel e não tem o dinheiro para o pagamento à vista dos produtos. Para viabilizar o produto ao participante, a Battistella fez parcerias com grandes lojas de materiais de construção, em São Paulo e em outros estados.

"O objetivo não é vender cota do consórcio Battistella, mas possibilitar ao consumidor a aquisição de material de construção", diz Karla Battistella, diretora-executiva da administradora. O produto, segundo ela, vem sendo trabalhado há um ano. "Não posso dizer que nunca houve um grupo de consórcio para material de construção. Mas existiu nos formatos tradicionais de grupos de consórcios. A nossa proposta é direcionada para as parcerias."


A Battistella fez parcerias com grandes lojas de materiais de construção, como Telhanorte, em São Paulo, Tumelero, do Rio Grande do Sul, Construir e Constru&Cia, do Paraná.
Uma das grandes vantagens do consórcio de material de construção, segundo Karla Battistella, está no prazo. "Enquanto os financiamentos das lojas variam de 18 até no máximo 24 meses, pelo consórcio o consumidor tem 36 meses para o pagamento. E o financiamento todo mundo sabe que tem taxa de juros".

Os créditos desse tipo de consórcio são menores do que no de imóveis: variam de R$ 7 mil até R$ 30 mil. O consorciado escolhe um valor de crédito. Quando é contemplado, recebe da administradora uma carta de crédito no valor total a que tem direito. "Ele vai até a loja parceira da Battistella e faz a compra. O valor é pago pela administradora diretamente à loja e o cliente recebe a mercadoria em sua casa", explica Karla.

Mas o consorciado não precisa utilizar todo o crédito de uma só vez na primeira compra. "O crédito pode ser liberado pela administradora em até cinco parcelas. Nesse tempo, o saldo do crédito fica em conta específica da administradora, com o valor atualizado", diz. Se, por exemplo, usar apenas 20% do crédito, os restantes 80% ficam aplicados no mercado junto com os recursos do grupo cujos participantes ainda não foram contemplados.

" A idéia é fortalecer o portfólio de produtos das nossas redes parceiras. Queremos funcionar como alavancador das vendas desses parceiros. É mais uma opção para eles", diz a executiva da Battistella.

A única restrição, segundo Karla, é que, como as lojas parceiras trabalham também com outros produtos além dos materiais para construção, como eletroeletrônicos, móveis ou artigos de decoração, eles não estão abrangidos pelo crédito, que é específico para a compra de materiais de construção. O consórcio da Battistella também não obriga o consorciado a comprar os produtos naquela loja.

Mas a idéia de ter como parceiros lojas de grande porte é oferecer todas as vantagens e garantias ao participante. "Em um outro fornecedor, que não faça parte da parceria com a Battistella, vamos ter outro tipo de garantia para o consorciado", diz Karla. Hoje, 2% da carteira de clientes da Battistella é formada por grupos de consórcios de material de construção.

O consórcio de material não é a única inovação da Battistella. Com atuação nas regiões Sul e Sudeste do País, à exceção do Rio de Janeiro, a administradora tem seu foco fortemente centrado no atendimento ao consorciado. "O fato de termos limitado nossa atuação em três segmentos (imóveis, veículos e material de construção) tem a ver com nossa aposta de que o atendimento é um diferencial", diz.

Dentro dessa estratégia, a Battistella lançou o Batpronto, uma assessoria ao consorciado de imóvel na contemplação no que diz respeito a cartórios, despachantes e afins. "Queremos funcionar como um escritório para apoiar o consorciado", afirma Karla.


Idéia é ajudar o consumidor na compra de material de construção
Karla Battistella é diretora-presidente do Consórcio Battistella
Contemplação programada. É o Data Certa, da Battistella.

Lançado no último dia 14 de março, o Consórcio Data Certa é a última novidade trazida para o mercado pela Battistella. São grupos que vão funcionar com datas determinadas de contemplação. O consorciado vai poder escolher, no momento em que aderir ao consórcio, se quer ser contemplado nos primeiros 24 meses, entre o vigésimo quinto e o trigésimo mês ou no prazo normal. Ou seja, é uma segmentação dos grupos de participantes de acordo com o tempo que eles querem esperar para retirar crédito referente ao bem.

Segundo Karla Battistella, diretora-executiva da Battistella Consórcios, a idéia foi criar é um grupo inovador com o objetivo de dar a possibilidade de o cliente escolher a data da contemplação. "O grande diferencial é que o participante poderá se programar", diz Karla.

Taxas - E qual a vantagem para o consorciado? As taxas de administração para quem optar por prazos menores são diferentes. Quem escolhe sair antes, num prazo de 12 ou 20 meses, por exemplo, pagará uma taxa menor do que o consorciado que preferir ficar no grupo por mais tempo.

Nos grupos tradicionais, a taxa paga pelo consorciado que é contemplado nos primeiros meses é a mesma paga pelo participante que é sorteado nos últimos meses. "Com o Data Certa, a taxa de administração é proporcional ao prazo e a contemplação está garantida naquele período", afirma Karla. "Essa é a grande vantagem para os consumidores", completa.

O novo formato desses grupos com prazos intermediários de contemplação já foram autorizados pelo Banco Central, segundo Karla. "O que fizemos foi aumentar o número de contemplações", diz.

O novo formato permite essas contemplações porque, segundo a Battistella, os pagamentos serão feitos proporcionalmente aos períodos de contemplação. "O consorciado vai poder adequar sua necessidade ao prazo de recebimento do bem", diz Karla. (RL)

Veículos ainda são o carro-chefe do sistema
Depois de vários anos, a liderança do setor saiu das mãos dos bancos de montadoras e passou para o Bradesco, que está há apenas dois anos no mercado de consórcios e já tem mais de cem mil participantes ativos em autos

Por Vanessa Jaguski


Existem hoje no País 871 mil participantes de consórcios para a compra de automóveis, segundo a Abac
Apesar de o segmento de imóveis ter mostrado forte crescimento no número de participantes e de novas cotas vendidas, em 2004, o segmento de veículos automotores ainda é o carro-chefe do sistema de consórcios. É aqui que está o maior número de participantes - 817 mil, segundo a Associação Brasileira das Administradoras de consórcios (Abac), com base em dados do Banco Central. O segmento concentra ainda sob seu guarda-chuva o segmento de motocicletas e motonetas, que não pára de crescer, o de veículos pesados e de máquinas agrícolas.

Em 2004, o Bradesco, que entrou para o mercado de consórcios há dois anos, passou a liderar o ranking nesse segmento, com 104.004 participantes, segundo dados do Banco Central. Deixou para trás as administradoras ligadas a montadoras, que durante muito tempo mantiveram-se na liderança.

O próximo foco do banco são os veículos pesados, mercado onde estão administradoras do porte da Scani e da Rodobens, tradicionais nesse mercado. "É o nosso próximo desafio, é uma briga onde todos ganham", diz Celso Barbuto, diretor-presidente da Bradesco Consórcios.

Para Pedro Santos, diretor da Rodobens, a entrada dos bancos deve somar e não dividir o mercado. "Temos uma atuação muito forte no consórcio de automóveis por meio de nossa parceria com o Unibanco. A Rodobens foi a primeira administradora do mercado a vender consórcios em bancos, em 1998. Em 2000, constituíram a Unibanco-Rodobens, hoje com 34 mil cotas ativas. "Acho que despertamos o interesse dos bancos para o consórcio", diz Santos.

Segundo dados da Associação dos Bancos de Montadoras (Anef), que detém 32% do mercado de consórcios, em 2004 houve uma queda de 11,4% nas vendas de novas cotas de automóveis entre as administradoras ligadas à entidade. De acordo com o presidente Luiz Montenegro, o movimento ocorreu devido a uma transferência do consumidor na forma de pagamento do bem. "Essa queda foi impulsionada pela somatória da sinalização da estabilidade econômica com as taxas praticadas pelos bancos de montadoras nesse período que, historicamente, foram extremamente atrativas", explicou. "Se tiver possibilidade, o consumidor prefere pegar o bem na hora. Ele tende bem mais a procurar pelo consórcio quando não existem os juros estáveis", finalizou o executivo.


Apesar dos números contrários do mercado, o Consórcio Renault do Brasil, atualmente com 8.554 cotistas, registrou crescimento de 1,4% em 2004. "Para 2005 a expectativa é crescer mais 3%", diz o gerente comercial da empresa, Floriano Gardelli Filho. A Renault hoje trabalha focada principalmente nos planos de 60 meses, para a compra de veículos novos e seminovos. "Cerca de 40% dos veículos entregues são da própria marca Renault", comenta Gardelli Filho.

Nas administradoras ligadas à Anef, 10% do total de veículos comercializados no ano passado foram provenientes do consórcio, contra 13% em 2003. No ano passado, as associadas da Anef comercializaram 93,4 mil unidades contra 105,5 mil no ano anterior. O número de veículos entregues também baixou de 64,7 mil unidades em 2003 para 48,7 mil em 2004, uma queda de 24,7%.

Para manter a atratividade dos consórcios de autos, algumas administradoras oferecem diferenciais como planos com parcelas menores até a contemplação.


Motocicletas ganham cada vez mais espaço entre consorciados

O segmento é hoje o que tem o maior número de participantes: 1,9 milhão de consorciados. Só na Honda, o consórcio respondeu por 35,3% do total de vendas da Moto Honda da Amazônia no ano passado.

Por Vanessa Jaguski



A Suzuki investe em planos de até 60 meses, além de contratos em que a entrega do bem é programada
O segmento de motocicletas e motonetas tem hoje o maior número de participantes ativos do sistema de consórcios: 1,9 milhão. Assim, é dono da maior fatia do mercado, com 65% de participação, de acordo com o Banco Central. Apenas a Consórcio Nacional Honda, líder do setor, tem 1.011.086 participantes. Ano a ano, o consórcio de motocicletas vem ampliando sua participação no mercado. Nos últimos cinco anos o crescimento do número de participantes cresceu 52%. Com valor médio menor do que o consórcio de veículos, as prestações são mais baixas.
Perfil - Para o presidente da Associação dos Bancos de Montadoras. (Anef), Luiz Montenegro, o perfil do consorciado de moto é diferente do de automóvel. "Geralmente a motocicleta é usada como meio de trabalho, semelhante aos veículos pesados", diz ele.

"Outra situação acontece com aqueles que têm dificuldade para comprovação de renda por terem trabalhos informais e por isso não conseguem a aprovação de um financiamento", complementa. Daí a vantagem do consórcio, que não exige comprovação de renda.


Para o gerente de consórcio da Suzuki Motos, Luiz Geraldo Martins Serra, o crescimento no segmento se dá por ser um meio de transporte econômico e usado para o lazer. A administradora oferece planos para motos de 25 a 1500 cilindradas, mas as mais procuradas, segundo Serra, ainda são as de 25 cilindradas.
"O foco da Suzuki está nos planos de 60 meses e uma das novidades que têm atraído os clientes é o plano com entrega programada, em que se dilui o lance nas mensalidades."

Ponte - Há 24 anos no mercado, a Consórcio Nacional Honda tem planos de 12 a 72 meses e parcelas a partir de R$ 78,91. Oferece a contratação do Plano Legal, em que parte do crédito pode ser utilizada para despesas de licenciamento quando da retirada do veículo.
O consórcio é considerado pela empresa uma das principais vias de acesso às motos Honda, com 35,3% do total de vendas da Moto Honda da Amazônia no ano passado.



Agronegócio estimula venda de consórcios

Sistema responde por 22% das vendas de máquinas

Por Valdete de Oliveira


O desempenho das commodities agrícolas tem servido para impulsionar a venda de caminhões e máquinas por meio de cotas de consórcio
O bom desempenho do setor do agronegócio no Brasil nos últimos anos refletiu em cheio no mercado de máquinas agrícolas e caminhões. As vendas registram crescimento significativo desde 2000 e mais que dobraram nos últimos três anos. Em 2002, foram comercializadas 3.854 cotas entre tratores e colheitadeiras, contra 8.396 no ano passado. Alta de 118%.

Em 2002, os consórcios representavam apenas 8,9% das vendas internas de máquinas agrícolas. Em 2003, enquanto a comercialização direta de tratores e colheitadeiras caiu 10,8%, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), as vendas de consórcios mais do que dobraram, saltando para 19,6% do total das vendas.

Em 2004, as vendas diretas de máquinas agrícolas permaneceram estáveis, enquanto o mesmo segmento, agora via consórcios, voltou a crescer, representando 22,1% do comércio total de máquinas.

Modernização - De acordo com o diretor-executivo do Consórcio Nacional Massey Ferguson, Cláudio José Schiminazzo, o governo de Fernando Henrique Cardoso criou incentivos para a renovação da frota de máquinas agrícolas, estimulando a modernização do setor e dando mais impulso às vendas. A Massey trabalha com prazos de até 100 meses e taxa de administração de 14%, que são diluídas no prazo.

A expectativa para 2005 é de que o desempenho do setor mantenha o ritmo do ano passado, com crescimento entre 10% e 12%. A Anfavea prevê retração de 10,5% nas vendas diretas internas para 2005 sobre 2004, o que deverá favorecer as vendas via consórcios.

Nos anos em que a oferta de máquinas cresce, a tendência é de que haja incremento nas vendas de consórcios. O valor médio da cota neste segmento foi de R$ 95 mil em 2004 e hoje está por volta de R$ 100 mil.

As principais empresas fabricantes de tratores e colheitadeiras são a Massey Ferguson, com vendas feitas pelo Consórcio Nacional Massey Ferguson; a New Holland, representada pela Conseg Consórcios, a John Deere, via Consórcios Randon; e a Valtra, com representação de vendas pelo Consórcio Servopa.



A Suzuki investe em planos de até 60 meses, além de contratos em que a entrega do bem é programada


Venda de cotas de caminhões também cresce em 2004


O desempenho das commodities agrícolas tem servido para impulsionar a venda de caminhões e máquinas por meio de cotas de consórcio

A venda de caminhões e ônibus também teve movimento semelhante ao das máquinas agrícolas.

Com 23 anos no mercado de veículos pesados, o Consórcio Nacional Scania já entregou via consórcio, 14 mil caminhões nos últimos sete anos e meio. "Estamos contemplando uma média de 190 consorciados por mês", diz Antonio Carlos da Rocha, diretor geral da Scania Administradora de Consórcios.

Para o gerente-executivo do Consórcio Randon, Cláudio Bassani, "o cenário favorável da economia e o bom desempenho das commodities agrícolas foram os grandes responsáveis pela renovação da frota", diz.

A Rodobens vende a linha de caminhões da Mercedes Benz. Em 2002, negociou 4.553 cotas, contra 5.540 em 2003, quase 22% mais. Em 2004, as vendas se mantiveram praticamente estáveis em relação a 2003, com 5.463 cotas vendidas. (VO)

Eletroeletrônico muda perfil e conquista clientes
Adequação dos produtos ao novo perfil de consumo dos brasileiros fez com que o ramo de eletroeletrônicos crescesse 8,4% em 2004, depois de quatro anos consecutivos de queda. Já são 207,5 mil consorciados.

Por Adriana Gavaça

Não foram só as vendas à vista e a prazo que fizeram o varejo festejar em 2004. Depois de quatro anos de quedas seguidas no número de consorciados no ramo de eletroeletrônicos - uma outra fonte importante de vendas para o comércio -, o segmento finalmente deu sinais de recuperação. Terminou o ano passado com crescimento de 8,4% no número de participantes, que passou de 191,4 mil em 2003 para 207,5 mil em 2004.

Para a diretora de consórcio do Panamericano, do Grupo Silvio Santos, Consuelo Amorim, a adequação dos produtos ao novo perfil dos brasileiros foi fundamental para o retorno do interesse dos consumidores em adquirir consórcio de eletroeletrônicos. "Até dois anos atrás, era comum a venda de cotas de liquidificador, batedeiras e outros produtos de menor valor. A partir do ano passado, porém, as empresas passaram a oferecer cotas de maior valor, já adequadas ao novo perfil de consumo dos brasileiros, que hoje sonham muito mais em comprar produtos mais caros, como uma TV de 29 polegadas ou mesmo uma de plasma", diz. Há cinco anos, quando o Panamericano decidiu entrar no segmento de consórcio de eletroeletrônicos, ele decidiu focar o ramo de atuação em um produto muito desejado até hoje por todas as faixas de renda: o microcomputador. Somente com a venda do computador do milhão, a empresa chegou ao segundo lugar do ranking administradoras de consórcio de eletroeletrônicos em 2004, com 33.628 participantes ativos.

Agora, a empresa pretende atingir o público de renda mais alta, com o lançamento do consórcio de notebook a partir deste mês.


Pacote - As Lojas Cem, depois de vender por mais de seis anos cotas de consórcio dos mais variados valores, decidiu há dois anos lançar um kit em que o consumidor compra uma cota de consórcio no valor médio de R$ 800 e só quando é sorteado ou no final do contrato decide que produto irá levar para casa. "Muita gente acaba comprando uma cota de consórcio pensando em adquirir uma geladeira. Só que, muitas vezes, acaba ganhando o produto no meio do caminho e decide usar o consórcio para a aquisição de outro bem, como um televisor", diz o supervisor-geral da rede, Valdemir Colleone. Outro diferencial das Lojas Cem está no preço. As taxas de administração são de, em média, 4% sobre o valor do consórcio, enquanto a média de mercado é de 10% ao ano. "É uma forma de convencer o público que pode esperar pela compra a optar pelo consórcio em vez do financiamento, em que as taxas são de 4% ao mês."

Produto grátis - O Magazine Luíza é outro que oferece kits de consórcio de eletroeletrônicos, só que com uma diferença: trabalha com a carta de crédito desvinculada ao produto desde 1992. O valor médio da carta de crédito na rede é de R$ 1,3 mil. "O consórcio é uma fonte importante de vendas para empresa. Responde por cerca de 3% de todo o faturamento", diz a diretora de Consórcio Luíza, Édna Maria Honorato.

Já o Ponto Frio oferece um seguro de vida totalmente grátis vinculado ao consórcio. O produto liquida todas as parcelas do consórcio a vencer, devolve as prestações pagas e o beneficiário ainda concorre à contemplação dos produtos.

Varejo: proximidade com cliente ajuda a vencer concorrência

Essa tem sido a arma usada pelo comércio, que decidiu ainda entrar na disputa por outros segmentos de consórcio, como o de motocicletas, veículos e até imóveis. Estratégia tem se mostrado bem-sucedida.


Por Adriana Gavaça


"O consórcio é uma fonte importante de vendas para a empresa. Responde por mais de 3% do faturamento".
Édna Maria Honorato é diretora do Consórcio Luiza
A retomada das vendas no ramo de eletroeletrônicos tem levado o varejo a entrar na disputa por outros segmentos de consórcio, como o de veículos leves, motocicletas e até imóveis. Nem a entrada de grandes bancos na briga por consorciados parece assustar o comércio, que aposta no convívio mais próximo com o cliente e produtos diferenciados para sair na frente da disputa.

Há seis meses, as Lojas Cem, que atua há oito anos no ramo de eletroeletrônicos, decidiu que era hora de entrar no páreo pelo segmento de motocicletas. Sem fazer nenhum tipo de investimento em divulgação, só aproveitando a estrutura pronta das lojas, a rede conseguiu vender mais de mil cotas do novo produto nesse curto espaço de tempo.
De acordo com o supervisor-geral das Lojas Cem, Valdemir Colleone, grande parte das pessoas que compraram uma cota de motocicleta já era cliente do consórcio de eletroeletrônicos. "São pessoas que conhecem e confiam no trabalho desenvolvido pela empresa ao ponto de comprar uma carta de crédito de um produto que a loja sequer comercializa" diz.

O Magazine Luíza é outro exemplo de sucesso. Primeiro investiu no consórcio de eletroeletrônicos, que hoje é vendido até por caixas da empresa. O próximo passo foi implantar não só nas lojas físicas da rede, mas também no site e nas unidades virtuais abertas na capital paulista, um canal de venda de consórcio que não se limita ao consórcio de eletroeletrônicos. Hoje já é possível comprar por meio da administradora da rede veículos leves, motos e imóveis pelo sistema de consórcio.

A novidade agora é que a empresa decidiu investir no treinamento dos funcionários da loja para vender o consórcio. "Até agora isso era possível só com eletroeletrônicos. É claro que se um cliente vinha na loja interessado em comprar uma cota de automóvel havia um representante da administradora de consórcio para atendê-lo, o que poderá ser feito nos próximos meses pelo próprio funcionário do Magazine Luíza", explica a diretora dos Consórcio Luíza, Edna Maria Honorato. Apesar de a mudança ser mais operacional, a loja espera com isso melhorar o atendimento aos clientes, já que o próprio vendedor, com quem o consumidor está acostumado a comprar, poderá vender o consórcio.

Diversificação - A rede de Lojas Colombo foi uma das primeiras a diversificar o leque de produtos de consórcio, por meio de sua administradora Farroupinha. Há 17 anos vende cotas de eletroeletrônicos. Em 83 passou a vender também cotas de motocicletas e há oito anos entrou no segmento de imóveis.

Segundo o gerente-geral da empresa, Elton Tedesco, há espaço para todo mundo no segmento de consórcio e não há porque se preocupar com a concorrência de bancos. "O Banco do Brasil diz que já vendeu mais de 140 mil cotas de eletroeletrônicos. Estamos otimistas, porque somos parceiros do banco e acreditamos que parte das cartas de crédito liberadas pela instituição poderá ser gasta em uma de nossas lojas", explica.

Parcerias - As lojas que não têm administradora de consórcio própria, mas não querem ficar de fora desse importante canal de vendas têm encontrado nas parcerias uma boa alternativa. Esse é o caso da Telhanorte que se associou ao Consórcio Battistella. Por meio da parceria, a loja oferece cotas que variam de R$ 7 mil a R$ 25 mil, que podem ser usadas na compra de material de construção e pagas em até 36 meses. Como nem sempre a pessoa que decide construir uma casa ou reformar faz isso de uma única vez, é permitido ainda que o dinheiro seja retirado em até cinco parcelas.

Além da Telhanorte, em São Paulo, a Battistella possui parceria com a rede paranaense Constru&Cia e o grupo gaúcho Tumelero. "Nós optamos sempre por lojas que tenham um bom volume de vendas e um nome consolidado", diz a diretora, Karla Battistella.


BB de olho na liderança


De agosto de 2004 até fevereiro deste ano, o BB vendeu 140 mil cotas de eletroeletrônicos
O maior interesse do consumidor por consórcio de eletroeletrônicos no ano passado já serviu para atrair outras administradoras, sem tradição nesse segmento, a investir no lançamento desse tipo de produto. Esse é o caso do Banco do Brasil que entrou na disputa pelo ramo de eletroeletrônicos em agosto do ano passado. No final de 2004, o banco já havia conquistado o sétimo lugar no ranking de administradoras, divulgado pelo Banco Central, em número de consorciados, com 5.375 participantes contra 66.819 da líder Farroupinha do Rio Grande do Sul, administradora pertencente às Lojas Colombo.

"Decidimos no início desse ano investir pesado na divulgação do produto. O resultado foi que, em apenas dois meses de um grande esforço de vendas, vendemos 137 mil cotas. Hoje temos cerca de 140 mil participantes, o que acreditamos nos levou, em março, à liderança do segmento", diz o vice-presidente de Varejo e Produtos do Banco do Brasil, Edson Monteiro. O ranking do Banco Central com números atualizados do segmento no mês passado ainda não foi divulgado.

Rede ajuda - O sucesso nas vendas é atribuído pelo executivo do Banco do Brasil ao grande número de correntistas da instituição que desejavam planejar uma compra, mas que desconheciam o funcionamento do consórcio até a campanha realizada pela instituição, no início deste ano. O preço também é visto como um dos diferenciais que contribuiu diretamente para a aceitação do público.

"Sem dúvida é muito mais fácil vender uma cota de consórcio de eletroeletrônicos para o cliente do que uma cota de veículo, porque o valor acaba sendo bem inferior e de fácil acesso ao bolso do consumidor", explica Monteiro.

O valor médio pago pelos clientes do Banco do Brasil por uma cota de consórcio de eletroeletrônico gira entorno de R$ 80 ao mês. Os planos tem prazos que variam de 24 a 48 meses e a taxa de administração incidente sobre eles é de 15% ao ano. (AG)


O que é prática no mercado de eletroeletrônicos

O interessado em comprar cota de consórcio de eletroeletrônico deve estar atento às condições da administradora.

Em geral, as empresas cobram taxas de administração de 10% ao ano. Embora não haja um prazo preestabelecido para vigorar o plano, as administradoras trabalham com contratos que variam de 18 até 48 meses.

Por se tratar de consórcio cujo bem nem sempre é alienável - uma TV tende a desvalorizar mais rápido que um veículo - muitas empresas costumam embutir garantias adicionais nos contratos. Outras preferem cobrar taxas mais altas, para cobrir a inadimplência.



Unifisa é pioneira na venda de de cotas para instrumentos musicais


Luludi/Ag.Luz
Consórcio também para a compra de jet-ski
De jet-ski a instrumento musical: tudo por cotas

Mercado oferece opções de cotas para vários tipos de sonhos de consumo. Só faltam os serviços.

Por Valdete de Oliveira

O consórcio Unifisa é pioneiro na venda de consórcios de instrumentos musicais. Há cerca de um ano a empresa firmou contrato com a Weril, maior fabricante de instrumentos da América Latina, para vender e administrar cotas de consórcios de saxofones, trompetes, clarinetas, trombones, flautas e até a banda completa de metal, composta por 29 instrumentos. Já são quatro os grupos de consórcios formados, com 480 participantes. A maior procura é pela aquisição do saxofone em até 36 meses. Uma clarineta pode ser adquirida em 25 parcelas de R$ 53. A banda completa sai por R$ 33,5 mil e pode ser adquirida em 36 meses, ao preço de R$ 1,2 mil.

A Unifisa também foi pioneira na comercialização de pianos, há cerca de dez anos. A venda de pianos da Fritz Dobbert conta hoje com oito grupos com aproximadamente 100 participantes cada, somando 800 consorciados, o maior grupo entre os instrumentos. "Fomos pioneiros e ainda temos o único consórcio de instrumentos musicais", diz o diretor da empresa, Luiz Fernando Savian.

Jet skis - A Unifisa também vende cotas de consórcios de jet skis. A empresa firmou contrato de exclusividade com a empresa canadense Bombardier, tradicional fabricante de aviões, que também fabrica jet skis. No Brasil, além da venda, a Unifisa faz a administração do Consórcio Seadoo, a marca do jet ski da Bombardier. Já há quatro grupos nessa modalidade, com 720 participantes, com cotas de R$ 655,43 a R$ 1.684,29. O prazo é de 50 meses.


Unifisa é pioneira na venda de de cotas para instrumentos musicais
Parcerias como essas são bastante comuns. Em vez de criarem uma estrutura própria para venda e administração das cotas, precisando de autorização do Banco Central, os fabricantes se unem a administradoras de consórcios já consolidadas no mercado.
Essa mesma parceria é firmada com a Harley Davison há cerca de cinco anos. Hoje, a Unifisa já possui três grupos com 180 participantes no total para a venda de uma das motocicletas mais cobiçadas. O prazo para adquirir uma Harley Davison é de até 80 meses, com cotas de R$ 581 a R$ 1.430.

A empresa vende também consórcios de mini-carros da marca Fapinha e hoje já tem grupo de 100 participantes. Segundo Savian, pelo consórcio os pais conseguem adquirir esse brinquedo, que custa caro. As cotas do consórcio vão de R$ 222,57 a R$ 248,79 com prazo de 36 meses.

Bens de produção - O diretor da Unifisa diz que a empresa estuda entrar no mercado de bens de capital, ainda inédito no Brasil. Como são produtos pelos quais há uma urgência na aquisição pelos seus principais compradores, o setor industrial, existem algumas dificuldades de implementá-lo. As máquinas voltadas para a produção não teriam o apelo dos produtos mais comercializáveis como veículos, motos e imóveis.

Uma das grandes expectativas do mercado de consórcios está relacionada à liberação, pelo Banco Central da comercialização de cotas de consórcios de serviços médicos, culturais e educacionais, como cirurgia plástica, pacotes culturais cursos de especialização e de pós-graduação (cursos de MBA entre eles).

Pacotes turísticos também podem ser programados

O consórcio de serviços turísticos teve seu funcionamento autorizado pelo Banco Central em julho de 1997. Ele permite a compra de passagem aérea, terrestre ou marítima, nacional ou internacional. Também prevê a hospedagem. Ainda são poucas as administradoras que trabalham com o produto, que tem créditos variando de R$ 4 R$ 8 mil.

"O brasileiro adora viajar, as taxas de administração são baixas e o crédito equivale ao dos consórcios de motocicletas. Os planos vão até 36 meses", diz Ricardo Leocádio, diretor da Gulin Administradora de consórcios, de Curitiba, no Paraná. Contemplado, o participante pode escolher a agência de turismo. (RL)



Mas, afinal, o que é um consórcio?

Antes de fazer a opção por um plano de consórcio é preciso conhecer o seufuncionamento em detalhes. Ao entender sua estrutura, o sistema, os prazos, os bens possíveis a serem adquiridos, as formas de contemplação e os termos utilizados pelo segmento, o consumidor garante estar realizando uma escolha consciente para aquisição do bem.



"Está na hora de termos uma lei própria"
Por Roseli Lopes

No último dia 2 de março, Rodolfo Montosa, diretor-presidente do Consórcio União, de Londrina, no Paraná, assumiu a presidência da Associação Nacional das Administradoras de Consórcios (Abac), que representa perto de 400 administradoras independentes do País. Paulista, formado em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas, sua experiência em auditoria e consultoria externa o levou para o mercado de consórcios no início dos anos 90, justamente um dos períodos mais complicados vividos pelo setor, quando ainda era fiscalizado pela Receita Federal. À época, muitas administradoras, por má gestão e falta de transparência, fecharam, fazendo com que o sistema perdesse participantes e parte de sua credibilidade. Mais de uma década se passou e Montosa assume a Abac em um cenário que nem de longe se parece com o de 15 anos atrás. Fiscalizado desde 1991 pelo Banco Central, o sistema foi saneado e o mercado de consórcios ainda festeja o resultado histórico de 2004 em venda de novas cotas. Mas se as dificuldades ficaram para trás, as demandas do setor, não.

" Acho que já está mais do que na hora de termos uma lei própria", diz o presidente da Associação das Administradoras, referindo-se ao fato de os consórcios, depois de 40 anos de existência, ainda funcionarem sob uma norma do Banco Central, o que os deixa vulneráveis perante eventuais ações judiciais. Uma lei específica para o setor é, hoje, um dos pedidos da Abac, que encaminhou ao Banco Central um projeto de lei nesse sentido. Na entrevista a seguir, Montosa fala da importância do projeto para o mercado de consórcios, do crescimento recorde das vendas e da entrada dos bancos no setor, que, na sua opinião, dão maior consistência ao sistema. Por último, faz um apelo ao governo: "aprove a lei".


O sistema de consórcios amadureceu com a entrada do Banco Central na fiscalização e com as práticas de boa governança corporativa das empresas. O consumidor também amadureceu, está mais exigente. Rodolfo Montosa é presidente nacional da Abac
Diário do Comércio - O sistema fechou 2004 com recorde de vendas em novas cotas. O brasileiro voltou a se render ao consórcio?

Rodolfo Montosa - Muitos brasileiros já conhecem o sistema e esses são fiéis a ele, onde permanecem por muitos anos. Acho que o que aconteceu nos últimos tempos é que mais pessoas estão descobrindo o consórcio.

DC - Os números positivos do mercado de consórcios em 2004 apontam para uma retomada consistente do crescimento do setor?Montosa - Essa consistência pode ser percebida mês a mês. Quando se olha para o ano de 2004, percebe-se claramente que o crescimento não se deu em apenas um mês, mas em todos. E são vários os fatores que propiciaram esse crescimento. O primeiro deles foi a questão dos juros. Apesar de o consórcio ser um produto de natureza distinta do financiamento (é uma forma de poupar para a compra do bem), quando as pessoas começam a fazer contas percebem que poupar sai muito mais barato do que financiar. Ao verem o custo do financiamento, bate um desespero. A atual política monetária do governo acabou criando um ambiente favorável ao sistema de consórcios. O segundo aspecto é o que está por trás da alta dos juros, que é reter a circulação do crédito. Menos crédito significa menos opções de financiamento, tanto para automóveis quanto para imóveis. No caso de imóveis essa redução é ainda mais evidente. Ou seja, há uma escassez de alternativas. E o terceiro fator que vejo é a questão da cultura da poupança. O brasileiro, tradicionalmente, não planeja. Mas sua cultura da poupança está mudando, embora em uma velocidade ainda baixa.

DC - A entrada de grandes bancos no mercado ajudou a dar vida nova ao sistema?

Montosa - Os bancos vieram contribuir com o sistema, chegaram, sim, para dar maior consistência ao mercado. O sistema amadureceu muito nos últimos anos após a entrada do Banco Central como órgão normatizador e fiscalizador dos consórcios. Amadureceu também com as práticas de boa governança corporativa das empresas administradoras de consórcios. E o consumidor também amadureceu, está mais exigente, mais consciente de seus direitos. Assim, a entrada dos grandes bancos, na verdade, é um reconhecimento de tudo isso. O motivo da chegada dessas instituições foi o crescimento do sistema.

DC - O segmento de imóveis, um dos que atraíram os bancos, vem mostrando um ótimo desempenho, com o número de participantes evoluindo rapidamente. O que favorece essa expansão?

Montosa - O primeiro fator é a pressão do déficit habitacional (hoje na casa dos 7,2 milhões de moradias). Você tem uma demanda reprimida muito grande. O segundo fator, que está ligado ao primeiro, é a ausência de alternativas de financiamento no mercado. Faltam soluções financeiras que dêem conta desse déficit, que só aumenta. O terceiro são as facilidades do sistema de consórcios na compra, além da permissão para a utilização do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. Tudo isso é cada vez mais conhecido do público consumidor.

DC - Qual o impacto no segmento da permissão dada pelo governo ao consorciado para usar seu fundo de garantia nos lances e na quitação do consórcio, no caso dos imóveis?


Montosa - Tem um impacto grande. Hoje, a cada 100 cotas de pessoas que compram uma cota para aquisição de imóvel, 60 são para imóveis residenciais. Desses, entre 40% e 50% usam o FGTS, porque, na maioria dos casos, é para a aquisição do primeiro imóvel. Muitas vezes o Fundo de Garantia, sozinho, é insuficiente para a compra do imóvel à vista.

DC - O segmento de veículos foi a grande coqueluche do mercado no período que vai do final dos anos 80 ao início dos 90. Apesar de ainda ser o carro-chefe do sistema, com o maior número de participantes, vem perdendo para outros segmentos, como o de imóveis, em termos de venda de novas cotas. O que acontece?

Montosa - Ao contrário do que ocorre no segmento de imóveis, o de automóveis tem mais oferta de financiamento. Um segundo fator é que o mercado de veículos passou por muitas turbulências nos últimos anos, diferentemente do segmento, por exemplo, de motocicletas, que cresceu bastante, já que esse é um produto mais barato.

DC - A saída das montadoras como canal de desova do produto, nos anos 90, prejudicou o desempenho do segmento de veículos?Montosa - Em parte, o aumento da oferta de financiamento no mercado afetou esse segmento. E as montadoras focaram seus negócios nisso. Houve, sim, uma migração de consumidores.

DC - Há dois anos, o senhor dizia que o mercado de consórcios era muito grande e que o sistema não estava ocupando todo o espaço que seu potencial permitia. O consórcio está hoje em administradoras independentes, em bancos, no varejo... Para onde mais pode se expandir? Quem serão os novos parceiros?

Montosa - No médio e no longo prazos o consórcio deve se expandir entre os corretores de imóveis, se intensificar nas cadeias de varejo de eletroeletrônicos e outros segmentos de bens móveis duráveis que ainda não têm no consórcio alternativas. Há um leque grande para essa expansão. Existe um anseio para a regulamentação do consórcio de serviços, tanto médicos quanto educacionais, que depende de aprovação do Banco Central.

DC - Qual a perspectiva de crescimento do sistema para 2005 e qual o segmento que deverá puxá-lo?

Montosa - Esperamos um crescimento de 8% a 10% neste ano. O segmento de imóveis tende a continuar apresentando uma expansão forte, em torno de 25%, contra a média de 10% dos demais segmentos. Mas o porcentual maior de crescimento dos imóveis se deve ao fato de que ainda há muito espaço para sua expansão, já que o número de consorciados desse segmento ainda não representa 10% de todo o sistema de consórcios.

DC - Voltando um pouco no tempo, 15 anos atrás, quando o sistema era fiscalizado pela Receita Federal: muitas administradoras fecharam por problemas de má gestão, falta de transparência e de idoneidade, arranhando um pouco a imagem do produto consórcio. O saneamento promovido pelo Banco Central no mercado e o crescimento do setor visto hoje foram acompanhados por um desenvolvimento em termos profissionais das administradoras de consórcios?

Montosa - As exigências dos últimos dez anos por parte do Banco Central em relação ao mercado provocaram uma profissionalização maior das administradoras. Hoje, elas são cobradas em relação à auditoria externa, às práticas contábeis, à área financeira, patrimonial, de aportes de capital e de níveis de recuperação, que têm de ser mais elevados hoje do que há dez anos. Uma outra exigência do Banco Central é quanto aos processos internos das administradoras, que têm de ser previamente definidos e devem fazer parte de um manual. O simples atendimento de um cliente que liga para a administradora tem de ser feito com base em um manual definido com base nessas exigências. Poderia até comparar que a atitude do Banco Central é equivalente aos padrões ISO de qualidade. Só que, no caso dos consórcios, vale para todo o segmento e não apenas para um produto.

DC - O sistema cresceu, se consolidou, conseguiu atrair grandes bancos. Mas ainda não conseguiu ter uma lei própria, pedido da Abac que está tramitando no governo.

Montosa - Existe um projeto de lei no Senado, de 2003, de autoria do senador Aelton Freitas, que ficou, ao longo de 2004, sendo analisado pelo senador Demósteles Torres, que é o relator. O projeto ainda precisa entrar na pauta da Comissão de Justiça e depois seguir para a Câmara. Esperamos que isso aconteça no segundo semestre. A aprovação do projeto significará mais um avanço do sistema de consórcios.

DC - Em que sentido?

Montosa - Sua aprovação representará a estabilização dos papéis dos três principais formadores do sistema: a administradora, o consorciado e o grupo. Ele irá definir claramente os direitos e as obrigações de cada um deles. Hoje não há uma lei específica que fale dos direitos e das obrigações do consorciado para com seu grupo, que são seus pares. Essa especificidade só é alcançada pela norma do Banco Central. O problema é que a norma é um instrumento infra-legal, que está abaixo da lei. Então, em determinadas instâncias da Justiça não se consegue um entendimento específico para o sistema. Fazemos um apelo para que essa lei seja aprovada. Para quem tem 40 anos, como o sistema de consórcios, já está mais do que na hora de ter uma lei específica.

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