Quando falamos em poupança, a primeira questão que surge é: ela é inimiga do consumo? Poupar significa passar privações? Sacrifícios?
Para os países que viveram grandes conflitos, guerras ou catástrofes, a poupança é algo muito natural e faz
parte do seu padrão de vida. Vejam as autoridades japonesas preocupadas com o volume alto de
poupança da sua população e incentivando as pessoas ao consumo.
O Brasil passou por décadas de instabilidade econômica. Os preços mudavam diariamente e as pessoas
corriam às compras assim que recebiam seus salários.
A estabilidade econômica trazida pelo Plano Real fez
com que o País finalmente tivesse uma moeda no sentido da palavra e o receio que a inflação voltasse fez com que o consumo fosse prioridade. O aumento do crédito expandiu a capacidade de compra da população e o endividamento tornou-se uma alternativa viável.
O contexto macroeconômico, aliado a uma cultura que nunca privilegiou a poupança, fez com
que o nível de reservas das famílias fosse sempre pequeno e criou a sensação de que poupar significa privação. Quem pode pensar em restrição ao consumo num momento de prosperidade nunca
antes experimentado pelas pessoas, principalmente pela nova classe média?
A educação financeira precisa ter como principal meta desmistificar o papel da poupança e mostrar
que ela precisa se tornar um hábito para o brasileiro, igualmente ao cafezinho pela manhã ou ao futebol aos
domingos. A poupança traz liberdade para as pessoas.
Quando um indivíduo possui reservas, torna-se mais cidadão. Pode tomar decisões com maior autonomia,
como, por exemplo, mudar de emprego, abrir um negócio ou comprar um bem.
A pessoa descapitalizada fica à mercê dos acontecimentos, do acaso, que normalmente não se mostra
um bom aliado. Isso ajuda a explicar o real motivo da inadimplência das pessoas. Não é o desemprego ou o
infortúnio que leva a maioria da população a deixar de pagar suas contas e, sim, a falta de reservas financeiras, ou seja, de poupança. Pensar de forma diferente é deixar para a providência divina o papel de gestora financeira das famílias.
A população somente verá sentido em poupar quando receber informações corretas e coerentes dos
agentes financeiros sobre os diversos produtos de poupança e quando perceber que guardar para o futuro
significa consumir hoje e sempre. Comprar é tão bom que deve ocorrer durante toda a linha da vida das pessoas. O brasileiro convive há um bom tempo com a estabilidade econômica. Isso mostra que ela veio para ficar. O setor financeiro e o governo precisam tomar para si a responsabilidade de educar a população em relação à poupança.
Educação também é assim, um processo que começa penoso e torna-se natural e automático
quando é bem conduzido e quando apresenta resultados concretos para seu público-alvo. O Brasil
precisa crescer e se modernizar. A população precisa se endividar com critérios e na dose certa. Para essas
duas metas, a poupança é imprescindível. Para as famílias, traz bem-estar e segurança e, para o País,
permite que o crédito continue se expandindo, principalmente aquele que irá financiar os investimentos
tão necessários ao nosso desenvolvimento.
Não precisamos mais dos cofrinhos. Necessitamos de uma mentalidade de longo prazo, produtos financeiros
adequados e uma lógica de prosperidade que coloque a poupança como amiga e aliada do consumo.
Fábio Moraes
é economista e diretor de
educação corporativa da Federação
Brasileira de Bancos (Febraban)
Fonte: financeiro a revista do crédito - edição 68 abril maio 2011.
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